“Por dentro do Chega”, de Miguel Carvalho
Na sua obra On Murder, Considered as One of the Fine Arts, Thomas de Quincey relata um acontecimento algo insólito na vida de René Descartes. A vários títulos esse evento é apelativo, sob vários prismas contém em si ensinamentos, e, se para um estudante não se granjearão daí consideráveis auxílios para passar a barra do exame, ao profissional, seja qual for o seu métier, proporcionará, no mínimo, um divertimento, e, inclusivamente, se for um homem de letras ou então dedicado à causa pública, então retirará, estou em crer, interessantes dividendos.
Descartes, como incansável viajante, explorava as terras do Elba, muito provavelmente Gluckstadt ou Hamburgo, e procurava acercar-se de Friezland Este. Conforme assegura de Quincey, o francês terá tido dúvidas em relação ao seu destino, o que o levou, mal atingiu Embden, a resolver-se por Friezland Oeste. Sempre impaciente, decidiu apanhar uma embarcação, pilotada por alguns marujos. Mal desconfiou que tinha acabado de se entregar a um pequeno bando de assassinos, e de assassinos profissionais. Estes, percebendo as sóbrias maneiras e subtis maneirismos, o delicado trato e as belas vestimentas, tentaram aliviá-lo dos seus pertences para, em seguida, desfazerem-se do corpo nas águas. Para surpresa dos meliantes, Descartes, qual javali cercado, atirou-se (talvez aqui exagere, contudo, enfrentou com coragem e algum ímpeto) aos predadores que, perante tamanha fúria e desenvoltura, cedo se arrependeram da empresa e, calmamente, voltaram a concentrar-se nos mais seguros meios marítimos. O autor inglês, com o seu habitual humor, chama a atenção para o facto de, tendo conseguido largar o francês ao famoso rio, não teríamos o Discurso do Método nem as Meditações.
Os piratas, quais anticartesianos acidentais,........





















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