O Humor que impede o voto nos moderados
Ricardo Araújo Pereira declarou, em mais um episódio do “programa cujo nome estamos impedidos de dizer”, que tanto lhe faz se ganha a esquerda ou a direita. Se ganha a esquerda, fica bem com a sua consciência. Se ganha a direita, paga menos impostos. Disse-o com o ar banal de quem já não habita o país real, de quem observa o povo com uma sobranceria tão polida quanto bem remunerada.
Aquilo que Ricardo confessou, sem vergonha nem sentido de responsabilidade, revela uma vida à margem da luta política, embora beneficie de todos os seus resultados. É o homem que comenta o jogo com sarcasmo, mas nunca entrou em campo. Representa a elite que já não sente nada porque tem tudo.
Durante anos, construiu uma carreira a gozar com os chavões do discurso político, os seus lugares-comuns e os seus vícios. Com o tempo, substituiu esses chavões pelos seus próprios. “Isto é gozar com quem trabalha” tornou-se não apenas o nome de um programa, mas também o lema de uma geração inteira que desistiu de pensar o país. Riem-se dos partidos, dos........
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