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O Estado tem casas. Mas prefere deixá-las a apodrecer

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30.07.2025

Num país onde falta tudo — professores, médicos, técnicos superiores, forças de segurança — menos retórica política, existe um património invisível que jaz em silêncio, emparedado pelo desleixo e pela amnésia: bairros inteiros do Estado, erguidos com dinheiro público para servir causas públicas, que hoje estão votados ao abandono. Não por falta de uso possível, mas por excesso de indiferença.

No raio de cem quilómetros que rodeia a minha casa — e creio não viver numa excepção geográfica — encontro aquilo que deveria envergonhar qualquer ministro com ambições de boa gestão: o Bairro de São Gabriel, em Pegões, construído para acolher os funcionários da Emissora Nacional das Ondas Curtas, apodrece lentamente enquanto se proclama a transição digital e se clama por habitação condigna. Casas intactas por fora, esquecidas por dentro.

Ali perto, em Marinhais, sobrevive o Bairro RARET, nas imediações de Glória do Ribatejo, uma aldeia de antenas, torres e lares funcionais que, no auge da Guerra Fria, serviu como bastião da........

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