O arqueólogo que sabia demais sobre o Alentejo
No princípio eram só pedras. Grandes, imensas, silenciosas no campo alentejano. Mas para Geoffrey William Braybrooke Lowe, não havia pedra que não pudesse falar. Chegou a Évora nos anos 50, vindo de Inglaterra, com um caderno de capa preta e um olhar treinado para medir séculos no alinhamento das lajes. Passava horas a desenhar perfis, a medir distâncias, a fotografar cada ângulo da Anta Grande do Zambujeiro. Aos olhos de quem passava, era apenas mais um estrangeiro excêntrico. Mas não aos olhos do Estado Novo.
O regime de Salazar desconfiava dele. Publicava artigos em revistas estrangeiras sem pedir bênção a Lisboa, trocava cartas com arqueólogos de Paris e Londres, e — pior ainda — tinha liberdade para andar pelo Alentejo como se fosse dono do território. Na época,........
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