Pistácio, Pop e Pizza em Carris Europeus
Cresci a olhar para a Europa com o deslumbramento de um miúdo apaixonado pela cultura popular. Nunca me atraiu a História, mas sim a mistura de sons, imagens e competições que absorvia com ânsia e que conferia ao continente um ar familiar, embora distante.
Quer pelo som do «Trans-Europe Express» dos Kraftwerk, quer pelos filmes de estrada de Wim Wenders, quer pelos Jogos Sem Fronteiras nas noites da RTP, a minha perceção mítica e ingénua do Velho Continente acompanha-me desde a juventude nos Açores.
Ainda não tinha atingido a maturidade quando, à primeira oportunidade, quis e pude partir de Portugal. Estudar, trabalhar ou fazer voluntariado num lugar remoto parecia o caminho natural — reflexo do fenómeno de crescente globalização e de maior exposição a novas paisagens, presumo. Estranhamente, como tantos da minha geração, sabia mais sobre o Japão do que sobre os Balcãs. Hoje vejo um fascínio semelhante da geração Z pela Coreia do Sul, exportadora de sonhos incomparável às indústrias europeias fragmentadas.
Agora, com trinta anos, algo mudou em mim — talvez fruto do inevitável despertar tardio do relógio biológico millennial. Quis voltar a olhar para a Europa como algo mais........
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