Sobre uma morte a pés juntos
Há manhãs onde o mundo em que acordamos não faz sentido. Manhãs em que percebemos, de repente, que a vida não se cumpre no tempo certo. Como um jogador que corre isolado para a baliza e, já a festejar o golo, é abalroado por trás. Sem hipótese. Sem aviso.
Ontem de manhã, Portugal preparava-se para voltar ao tribunal. Para enfrentar mais um capítulo do julgamento da Operação Marquês. Um país a tentar fazer contas com o seu passado e com o seu cansaço. Mas a primeira página não foi essa. Foi a de um acidente. De um despiste em Espanha. De dois irmãos. Um deles, Diogo Jota. Tinha 28 anos. Três filhos. Acabara de casar. Voltava a Liverpool. E o país parou.
Alguém dirá que é só comoção. Que “vende”. Que há outras mortes todos os dias. Que em tantos lugares morrem........
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