Nem santos, nem invasores. Os imigrantes são pessoas
Esta semana o Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, publicou, no Observador, uma crónica onde refletia sobre a temática da imigração. Não sou ninguém para avaliar textos oriundos do episcopado, mas pareceu-me um texto equilibrado e sensato. Ao mesmo tempo que afirmou que é preciso “olhar os migrantes com compaixão e responsabilidade”, D. Rui Valério referiu que “o acolhimento não pode ser ingénuo nem desordenado”. A par da necessidade de “políticas que respeitem a sua dignidade e os ajudem a reconstruir a vida”, alertou para o dever de “regular os fluxos migratórios em função do bem comum”, esclarecendo que qualquer integração exige um “pacto cultural”.
Mas, ao que parece, não foi suficiente. E as reações podem ser catalogadas em quatro categorias. Elegante: “Valério, vá tratar do vitiligo”. Intelectualmente lúcida: “Cantam bem mas não me alegram”. Clássico: “Quantos destes imigrantes é que o Vaticano acolheu no ano passado e neste ano?”. Subtil: “Vá destruir outro país. Hipócritas! Vão de retro”.
Pois bem, dá a sensação que os radicais descobriram algo que a eletrotécnica, só por pura teimosia, insiste em negar. Segundo a ciência, os circuitos elétricos dependem de dois polos, o positivo e o negativo. Segundo os radicais, a vida só funciona com um. Desculpem, mas não é assim. É possível........
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