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O Cónego Jeremias e a morte nas redes sociais

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31.08.2025

Fui encontrar o Cónego Jeremias razoavelmente indignado, à conta de vários falecimentos referidos pela comunicação social. A sua indisposição decorria da forma como esses acontecimentos tinham sido comentados nas redes sociais.

– Então, Senhor Cónego, como reagiu a essas tristes notícias?

Pois, olhe, com tristeza, como é óbvio, sobretudo em relação ao jovem forcado. Sobre este caso não me vou pronunciar, mas sim sobre a ex-governante também falecida, sobre a qual muito se disse e escreveu, mas temo que pouco se tenha rezado, que é a única coisa importante que se pode e deve fazer pelos fiéis defuntos.

– Porque o indignaram, em especial, os comentários sobre essa morte?

Não foi tanto pela pessoa em si, que muito respeito embora não a tenha conhecido pessoalmente, mas pelo modo como a notícia foi referida e comentada nas redes sociais: é de uma frivolidade espantosa! É revoltante tanta superficialidade!

– Porquê?

Porque a morte, seja de quem for, é sempre um acontecimento trágico que deve ser respeitado, mesmo sabendo que a vida não termina, apenas se transforma. Como diz a liturgia da Igreja, ‘vitamutatur, nontollitur’, isto é, a vida muda, mas não acaba.

– Mas não acha que os amigos e familiares mais próximos podem testemunhar os seus sentimentos, bem como o seu apreço pela pessoa falecida?

Sim, claro, e é muito positivo que honrem a sua memória, referindo aspectos positivos dessa pessoa, desde que respeitem a sua intimidade. O que já não parece razoável é que haja quem se aproveite de um acontecimento desta natureza para se........

© Observador