Portugal em chamas: o país arde todos os verões e nada muda
Todos os anos, a história repete-se como um eco trágico: florestas consumidas pelas chamas, aldeias evacuadas à pressa, populações em pânico, bombeiros levados ao limite e políticos a prometer “planos estruturais” que nunca saem do papel.
Mas Portugal não arde por azar. Arde porque falhámos. Porque décadas de políticas públicas mal desenhadas com a esquerda a conduzir o país durante boa parte desse tempo, criaram o terreno fértil onde a tragédia se repete.
A monocultura do eucalipto, incentivada por sucessivos governos desde o Estado Novo à esquerda e à direita foi uma escolha deliberada ao serviço da indústria de celulose, alimentada por subsídios europeus. O abandono do interior não é uma inevitabilidade histórica. Foi uma escolha. Uma opção consciente de quem privilegiou retórica social e distribuição de subsídios em vez de planeamento, enquanto desmantelava os serviços florestais e criava estruturas burocráticas ineficazes como resposta simbólica à crise.
Foram décadas de decisões erradas como a extinção dos serviços florestais em 2006 ou a proliferação de subsídios de emergência, que apenas reagem ao problema em vez de o prevenir e que transformaram a floresta num barril de pólvora. A prevenção foi ignorada. A gestão de longo prazo, adiada. E a economia dos fogos tornou-se realidade. Optamos pelo combate em vez........
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