25 de Novembro: a viragem silenciosa que consolidou Abril
Curiosamente, nasci a 25 de Novembro. Talvez seja essa coincidência que me faz sentir a ligação íntima entre a minha própria vida e a história da consolidação da democracia em Portugal. Numa data que marca o fim de uma era de instabilidade e o início de uma democracia estável, vejo-me como uma fénix renascida das cinzas da revolução. Não em 1975, mas anos mais tarde, graças aos eventos que ali se desenrolaram.
Esta reflexão pessoal, quase metafísica, serve de ponte entre o individual e o coletivo, recordando-nos que cada cidadão é fruto da história que o antecede. Mas o foco deste artigo não é apenas essa casualidade; é, acima de tudo, resgatar o 25 de Novembro do esquecimento relativo a que tem sido votado, especialmente pela esquerda, e afirmar que esta data não pertence a fações políticas, mas a todos os portugueses.
O 25 de Novembro de 1975 insere-se no período turbulento que se seguiu ao 25 de Abril de 1974, a Revolução dos Cravos que derrubou a ditadura salazarista e abriu portas a uma transição democrática. Após a revolução, Portugal viveu um “verão quente” marcado por radicalizações, com setores da extrema-esquerda, influenciados pelo Partido Comunista Português (PCP) e outros grupos revolucionários, a tentarem impor uma agenda mais extremista, incluindo ocupações de terras e........
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