A política, enquanto arte de governar e de mediar interesses diversos, deveria ser o espaço privilegiado para o diálogo, a negociação e a construção de consensos. Contudo, na prática, assistimos frequentemente à incapacidade de muitos políticos em exercer essas funções fundamentais. Em vez disso, prevalece o mito das lideranças fortes e intransigentes, que são muitas vezes celebradas como modelos de eficácia, de defesa de princípios morais ou mesmo de liderança e integridade, mas que na realidade, podem ser muito prejudiciais para a democracia e para o progresso social.

A política, não sendo caso único, mas sendo o mais mediático e o que maior impacto tem na vida de cada um de nós, sofre de uma crise de diálogo. Num mundo cada vez mais marcado por polarizações ideológicas, extremismos e divisões sociais, o diálogo político parece ter-se tornado uma raridade, visto até como um sinal de fraqueza. Em vez de se concentrarem esforços em encontrar soluções conjuntas para os problemas reais das populações, muitos políticos optam por discursos rígidos e confrontativos que alimentam a divisão.

Esta incapacidade de diálogo pode ser atribuída a vários fatores.

Polarização ideológica? Sim, sem dúvida, que resulta numa crescente radicalização dos discursos políticos e que faz com que os partidos e líderes vejam os seus adversários como inimigos a derrotar, em vez de potenciais parceiros com........

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