E quem nos protege da Polícia?
O Bernardo Topa tem 28 anos, é comissário de bordo na TAP, gosta de aviões, do Sporting, e de celebrar com amigos. No passado sábado, 18 de maio de 2025, vestiu-se de verde e foi para o Saldanha viver um sonho: o bicampeonato. Minutos depois, esse sonho transformava-se numa noite sem estrelas, numa escuridão permanente. Uma bala de borracha disparada por um agente da PSP arrancou-lhe um olho.
Não, Bernardo não era um vândalo. Não partia montras. Não lançava tochas. Não gritava contra a Polícia. Fazia o que milhares de portugueses faziam naquela noite: celebrava. Tinha o direito de estar ali. Tinha o direito de ver. E foi-lhe roubado.
A cegueira de Bernardo é trágica. Mas mais trágica ainda é a cegueira institucional de um Estado que continua a permitir que isto aconteça. Porque esta bala não foi disparada por engano. Foi disparada por um sistema que legitima o abuso, que normaliza a violência e que recorre à mentira como reflexo imediato.
Primeiro disseram que tinha sido pirotecnia.........
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