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A cultura não se devolve: vive-se!

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07.09.2025

O Presidente angolano esteve de visita ao nosso país e, juntamente com o Presidente português, comunga de um histórico de trazer o assunto da devolução à baila. Para ser justo, até acho que tem desvalorizado este assunto em detrimento de outros muito mais importantes, se compararmos com a frequência e intensidade com que o Presidente português tem trazido sozinho esse tema à discussão.

A discussão em torno da ideia de devolução não é nova, e começa, sobretudo, a partir de meados dos anos 60, com o início do fim da colonização africana por parte da Europa. Vamos assumir, para facilitar, a caraterização nestes dois grandes blocos territoriais, para evitar discussões mais particulares. Esta discussão parece ter sido muito alimentada pelas retóricas dos blocos que, então, friamente se digladiavam – e que, pelos vistos, voltam agora à guerra, se bem que em termos e posições diferentes. E foi, à vista de todos, alimentada para criar um espírito antieuropeísta no continente africano, de modo a que a águia e o urso se pudessem posicionar – cada um deles – nos territórios onde tivessem mais sucesso a financiar as guerrilhas que então surgiam “espontaneamente”. Muitas destas fações ainda hoje governam a maioria destes países, sob os auspícios e os fornecimentos de armas dos gigantes mundiais, mesmo que os Estados Unidos tenham vindo a perder força para a Rússia e, mais recentemente, para o “new kid on the block” chinês.

Nem mesmo o facto de a maioria destes atuais dirigentes ter já estudado nas melhores escolas europeias – salvo algumas exceções que optam pela formação no antigo bloco soviético – torna estes dirigentes uma elite de líderes visionários empenhados em melhorar as condições de vida dos seus povos e as oportunidades dos seus países. Ainda que não pretenda falar sobre estratégias macroeconómicas destas regiões (ou de quaisquer outras), nem queira opinar sobre orientações ideológicas, políticas ou legais (como alguém já por aqui disse: “eu não sou jurista!”), tudo isto parece influir no impacto que tem o tema........

© Observador