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É urgente parar diante da arte

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09.07.2025

Refugiado do calor, num antigo convento convertido agora num museu, confrontando-me com uma das mais belas obras portuguesas contemporâneas – para mim, claro! – fecho os olhos por um instante e vejo, cá dentro, a dançar numa coreografia perfeitamente alinhada, a preto e branco de cinescópio, Diana Ross e as Supremes a interpretarem “Stop! In the name of Love”.

Não sei porquê, de repente. Mas percebo, de seguida, a razão.

Estou quase sozinho naquela sala. E sei, quase com certeza absoluta, que as praias estão cheias, os centros comerciais devem estar intransitáveis e as fontes de imperiais nas esplanadas correm em contínuo para servir as imensas sedes que se fazem sentir, mesmo que os ultravioletas estejam ao rubro.

Olhando em volta, de novo, penso que o algoritmo natural dos poucos que por ali se aproveitam do fresco e da arte que os rodeia, deve ter uma programação bem diferente daquele que nos é servido nas redes sociais que nos têm cativos nos scrolls infinitos, mesmo que as câmaras dos telemóveis estivessem em pleno uso para “picar o ponto” e postar de seguida a “descoberta”. É por isso que a música que me assolou o espírito era........

© Observador