O que nós temos é estrangeiros e ricos a menos
Na passada sexta-feira, o semanário Nascer do Sol noticiava: «Serviços Públicos colapsam com aumento de imigrantes. Número de alunos estrangeiros passou de 42 mil para 172 mil em todos os níveis de ensino. Consultas de imigrantes no SNS aumentaram de 326 mil para 1 milhão e 400 mil.».
Faltarão aqui dados, porque em Portugal parece existir sempre uma relação difícil com os dados quando se trata de imigração, mas seria interessante perceber que consequências trouxe ao mercado da habitação a mudança demográfica a que assistimos nos últimos anos, como seria igualmente interessante saber quanto dinheiro arrecadou o Estado nos últimos dez anos em impostos directos e indirectos vindos de quem escolheu este país para viver e investir.
Em todo o caso, o que fica sempre claro é que o Estado achou que podia ter políticas de atracção de imigração, fosse de que género fosse, sem alterar a sua estrutura e o conteúdo dos serviços que se propõe prestar. E sobre isto, permanece a discussão no mais elevado grau a que a intelectualidade lisboeta consegue chegar («precisamos muito de milhões de imigrantes vindos do outro lado do mundo que, a troco de más condições e salários baixos, nos levem o sushi a casa, e não precisamos nada desses ricalhaços que vêm para cá roubar-nos as casas e mostrar-nos no espelho os parolos que somos») e, por outro lado, o sinal contrário desta conversa («não precisamos cá de ninguém, sobretudo se forem portadores de tez mais escura»).
Suspirará o pascácio que afinal há casas, mas só para ricos, milionários........
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