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O colaboracionismo

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02.07.2025

Pedro Marques Lopes, a quem imagino suando por todos os poros, com a ponta da língua escapando pelo cantinho da boca, ansioso como sempre por demonstrar que é incapaz de raciocinar, resolveu, a dado momento da sua vida, escrevinhar redacções. Nestas coisas da escrita, há de tudo e para todos os gostos. Lopes, encontrando-se incontáveis furos acima do aborrecimento que constitui o trabalho e o pensamento, fez da agenda da semana decorada um catecismo. Nunca se engana, acerta sempre – uma graça concedida a todos os que não vivem no sufoco de terem de pensar sozinhos e cospem o que vão ouvindo dizer conquanto pareça não aleijar. Escrevinhou, com pontuação e tudo, uma composição anunciando ao mundo a valentia de denunciar o que alguém lhe soprou como o colaboracionismo que para aí vai para com a extrema-direita.

Se houve coisa que em Portugal, nos últimos 50 anos, não foi tolerada – e ainda bem! – foi a extrema-direita. Mário Soares, por exemplo, não deixou de avisar que uma possível vitória da direita de Sá Carneiro podia perfeitamente significar o regresso do fascismo ao país, o que, segundo vários terroristas de extrema-esquerda, serviu de mote a mais de meia década de mortes, bombas e assaltos.

Enfim, a extrema-esquerda nunca teve colaboracionistas. Talvez porque a esquerda nunca sofre de radicalismo, e quando dele padece é porque o radicalismo é especial, magnânimo e bondoso. Talvez por isso não foram tratados como colaboracionistas os capitães de Abril que, conhecendo a ligação de Otelo Saraiva de Carvalho às FP25 de Abril, fizeram questão de lhe sugerir que se afastasse do terrorismo, mas nunca se tenham lembrado de o denunciar às autoridades. Muito menos foram rotuladas de colaboracionistas essas autoridades. Nem o presidente da República, que,........

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