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A revolução em slow motion

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21.05.2025

1As eleições legislativas de domingo passado não foram um terramoto. Os terramotos são, para os comuns mortais, inesperados. Foram antes o momento em que se pode vir a consensualizar que estamos a viver, de há uns anos a esta parte, uma revolução lenta, progressiva e geracional, que talvez venha confirmar que Portugal vive mesmo por ciclos de 50 anos. Tal como o situacionismo da ditadura deu lugar, após 1974, a um novo situacionismo — o de Abril institucionalizado, domesticado, cristalizado em partidos-empresa, carreiras públicas partidárias e um moralismo esquerdista insuportável. Esse situacionismo prepara-se para ser substituído por outro. Não por uma juventude bêbeda de terceiro-mundismo e Maio de 68 que ambiciona viver em democracia (alguns, pelo menos) e sem guerra de África, mas por uma mudança geracional que, tendo a democracia como garantida, já não aceita o situacionismo instalado, nem a esquerda como bússola moral.

Esta revolução não se apresenta com bandeiras, mas com cansaço civilizacional; não ergue barricadas, muda votos. E como todas as verdadeiras revoluções, começa por ser invisível para quem vive no conforto das certezas ideológicas e da sua superioridade moral, política, intelectual. Digo eu, que nem gosto de revoluções.

O empate técnico entre o PS e o Chega, que dividem o........

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