O direito à não-indignação
A julgar pelo número de pessoas que estão indignadas poderíamos pensar que, mais do que um direito, a indignação é um dever. Mas se a indignação é um dever levanta-se a questão de saber porque deveríamos cumprir esse dever e ficar tão comummente indignados, e por que razão deveria o estado mais frequente nos nossos semelhantes, isto é, a indignação, tornar-se por força também o nosso estado normal.
Tal como copiar os sentimentos dos nossos semelhantes não nos torna mais semelhantes a eles, assim não partilhar esses sentimentos não nos torna membros de outra espécie ou de outro planeta. Quem não cumpre o seu dever de indignação não é menos parte da espécie daqueles que se indignam: é quando........
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