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Sicários, cínicos e a coerência

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10.09.2025

“Fernando Medina não assumiu nenhuma responsabilidade e um líder assume as responsabilidades das suas equipas. Portanto, o não assumir da responsabilidade política, e não estamos aqui a falar de um caso qualquer, estamos a falar de um caso em que estão vidas humanas em jogo, é muito grave”. Carlos Moedas, 2021.

Morreram 16 pessoas no acidente do Elevador da Glória. Carlos Moedas pode dar as voltas que quiser, mas nada apaga o que disse sobre Fernando Medina há quatro anos. Pode até tentar distinguir as situações — um procedimento administrativo habitual e flagrantemente ilegal e um acidente cuja origem terá escapado às rotinas de fiscalização e manutenção devidamente protocoladas. Pode dizer (e os dados apurados até ao momento apontam nesse sentido) que não foi responsável direta ou indiretamente pela tragédia. Pode dizer que nunca teve qualquer indício, queixa ou relato que fizesse antecipar aquela tragédia. Pode e deve fazê-lo porque, até prova em contrário, é a verdade.

Mas há um plano de responsabilidade política que se impõe reconhecer. Como disse Marcelo Rebelo de Sousa, com meridiana clareza, não há outra forma de pôr as coisas: “Quem está à frente de uma instituição pública responde politicamente por aquilo que aconteça de menos bem nessa instituição, mesmo que sem culpa nenhuma, mesmo que sem intervenção nenhuma”. Por muito injusto que seja, a responsabilidade política é de Moedas — não........

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