A Iniciativa Liberal é o novo partido com paredes de vidro
É sempre o momento mais exótico dos congressos do PCP: a dada altura, com um misto de simpatia e severidade, os jornalistas são postos fora da sala com a advertência expressa de que não podem, em circunstância alguma, deixar qualquer dispositivo de gravação para trás. O objetivo é permitir que os delegados possam tomar decisões sem que algum forasteiro perceba quem pensa o quê, quem critica quem, ou quem vota como. Para terem a absoluta certeza de que nem do exterior a imprensa consegue ouvir algum sussurro do que se passa lá dentro, os comunistas colocam colunas de som cá fora e tocam música com o volume no máximo.
Estes estratagemas de segredo mostram que, muitas vezes, no PCP, a prática não tem nada a ver com a teoria. Em 1985, Álvaro Cunhal publicou o mítico livro “O Partido com paredes de vidro”, sobre o funcionamento interno do PCP, e prometeu, de forma sonsa: “Propomo-nos dizer com verdade como somos, como pensamos, como atuamos, como lutamos, como vivemos, nós, os comunistas portugueses. Tudo será dito tornando transparentes as paredes do nosso Partido, de forma a que quem........
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