A dupla Marcelo-Guterres é a prenda de Portugal para o mundo
Podem ficar descansados porque a culpa, no fundo, não é nossa. Como Nostradamus poderia explicar, não há nada que um povo possa fazer para impedir a concretização triunfal de uma profecia antiga. Há muitos, muitos anos, quando ainda vivíamos em ditadura, dois jovens sobredotados começaram a construir uma bonita amizade. Segundo a biografia de um deles, escrita décadas mais tarde, “saíam juntos com as respectivas namoradas, iam à missa juntos, tocavam em campainhas à noite e depois fugiam” — e “chegaram a fazer uma corrida de carros à volta da Praça de Espanha com dois dedos de fora da janela a fazer corninhos um ao outro”. Um dia, estes dois amigos inseparáveis fizeram “um pacto”: quando Portugal fosse finalmente uma democracia, ambos chegariam ao cargo de primeiro-ministro, presume-se que à vez.
Não foi exatamente assim. Foi melhor — ou, se pensarmos bem, foi pior. Um, de facto, chegou a primeiro-ministro e, mais tarde, ao estratosférico cargo de secretário-geral das Nações Unidas. O outro tornou-se Presidente da República, ainda por cima durante dois intermináveis mandatos. Esta semana, reencontraram-se num discurso. No púlpito solene da Assembleia Geral da ONU, Marcelo Rebelo de........
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