Viver no mundo que não gosta de nós
Depois de no ano passado ter publicado o relatório que lhe tinham encomendado, Mario Draghi não se tem poupado a perorar sobre os seus conteúdos. Faz bem. Perante a falência indiscutível da autoridade das lideranças europeias, a dele resiste como provavelmente a de mais ninguém nos nossos dias. Há poucos dias discursou outra vez em Rimini, na costa italiana do Adriático.
Os seus discursos acompanham a sequência do relatório propriamente dito, o que é normal. Começando pelo diagnóstico do declínio económico e tecnológico da Europa, ou, na língua de pau da tecnocracia ocidental, fazendo o ponto da situação da “competitividade europeia”, com passagens sobre a sua decadência geopolítica, aparecem os inevitáveis apelos às reformas concretas em vários sectores que o tal relatório detalhou. Nada disso surpreende. Onde o relatório apostou na brevidade e na síntese foi nas mudanças institucionais na cúpula do governo europeu. Neste aspecto central, tem sido nos discursos que Draghi tem mostrado com menos nebulosidade os seus desígnios.
Na sua interpretação do nosso momento histórico, Draghi dá viva voz a um temor que está desde há muito vivo e activo no coração da tecnocracia europeia, mas que se inibia de aparecer à luz dos media: o mundo não gosta da Europa, ou, na sua linguagem não muito mais subtil, “não nos olha com simpatia”. Não olha com “simpatia” para os valores europeus, não olha com “simpatia” para o seu privilégio conquistado historicamente, não olha com “simpatia” para o seu desprezo da soberania, não olha com “simpatia” para a sua fraqueza – militar e cultural. Neste mundo nada simpático que nos é hostil os procedimentos de governação europeia tornaram-se crescentemente obsoletos. Aqui aparece uma proposta de adequação das instituições políticas às circunstâncias geopolíticas. Isto é, as instituições que temos, com os procedimentos que temos, serviram bem a........





















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