Uma história de dois países
Não sem um longo percurso de preparação, não sem se fazerem ouvir mil avisos de vozes mais ou menos autorizadas, o Reino Unido e a França preparam, para a sua própria ingestão, um cocktail destrutivo. Tirando as óbvias diferenças, são idênticos os ingredientes da crise que ameaça arrastar duas das maiores economias do continente europeu para uma crise tal como não conhecem desde há muitas décadas.
Com ambas as dívidas públicas acima dos 100% do PIB, taxas de juro das obrigações a subir e sistemas previdenciais por reformar – as pensões, no caso francês; o SNS, no Reino Unido – chega agora uma crise de financiamento de um défice público indomável. Trata-se de uma crise de finanças públicas em países onde é estreitíssima a margem para aumentar impostos como meio para corrigir, sempre com dor, a trajectória mortal. Em França, essa margem pura e simplesmente já não existe sem provocar problemas maiores do que aqueles que remediaria. A carga fiscal é a maior de todos os 38 países da OCDE, o que não podia deixar de ser quando o nível de despesa pública em percentagem do PIB é também o maior de toda a OCDE, ultrapassando em 2024 os 57%. No Reino Unido, os aumentos de impostos e os aumentos das contribuições para a segurança social são inevitáveis, mas as exigências do lado da despesa são alucinantes. As promessas do partido Trabalhista na campanha eleitoral forçam agora o........
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