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A independência dos bancos centrais

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28.07.2025

Na passada semana, o mundo assistiu a mais uma cena insólita entre as muitas que as presidências Trump proporcionam. Lado a lado, com capacete de trabalhadores nas respectivas cabeças, o Presidente dos EUA e o presidente do banco central federal americano interrompiam a uma visita às obras da nova sede da Reserva Federal em Washington para falar aos jornalistas. Não é preciso descrever o resto da cena a que toda a gente assistiu. Com Trump, estas ocasiões são mais do que as manifestações públicas das idiossincrasias de um líder político. São ensaios recorrentes de uma forma de comunicar com o eleitorado que se assemelha tanto quanto possível à imagética e tensão próprias de um reality show em que um dos participantes – o próprio Trump – é a personagem sempre saliente, sempre dominante, sempre indispensável.

Neste caso particular, Trump pretendia destruir publicamente a reputação de Powell. Foi mais uma das suas inúmeras investidas com esse propósito. Depois de as suas veleidades de despedimento de Powell terem sido frustradas pelo Supremo Tribunal federal americano, Trump pretende agora, senão forçá-lo a demitir-se por pressão política insuportável, ao menos deixar na lama a sua reputação de modo a garantir que o presidente seguinte da Reserva Federal será mais dócil à vontade da Casa Branca, o que no contexto actual significa reduzir as taxas de juro. Na próxima quarta-feira veremos o que a Reserva Federal decidirá fazer. Não tenho quaisquer dúvidas de que, nesta conjuntura, a economia americana fica mais bem protegida se a política monetária não for conduzida pelos enervamentos de Trump. Nem tenho quaisquer dúvidas de que Powell meritoriamente logrou o soft landing da economia americana após o recente surto inflacionista que muitos vaticinaram como impossível.

No entanto, o problema de fundo não é........

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