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Sintra Património Mundial: 30 anos depois, comemora-se

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16.10.2025

A AR-PA Bienal Ibérica do Património Cultural, evento referência do sector do Património Cultural em Portugal e Espanha, é proveniente da fusão de entidades do sector criadas em Espanha e em Portugal, respectivamente em 1998 e em 2013.

Em excelente iniciativa, dedica a AR-PA o tema do ano de 2025 aos Centros Históricos, e o grandioso evento realiza-se em Sintra no próximo mês de Dezembro, comemorando o 30º aniversário de Sintra como Património Mundial pela UNESCO.

Como sou sintrense do coração, tal encheu-me de alegria, particularmente porque foram ideia, iniciativa e prolongada luta minhas a classificação pioneira da UNESCO como Paisagem Cultural de Sintra, cuja classificação ocorreu a 6 de Dezembro de 1995.

Como esta classificação tanto valorizou Sintra, tanto valorizou Portugal, evoco estes acontecimentos, quase desconhecidos, e completamente esquecidos, o que independentemente da autoria é um inadvertido lapso, sobretudo quando crescentemente, e bem, tanto se tem valorizado a importância do Património Cultural e os seus promotores, tendo eu também sido pioneira na atenção aos Centros Históricos e noutras vertentes patrimoniais, como peço licença para lembrar.

De facto, fez quarenta anos no dia 20 de Agosto de 1984, quando na minha qualidade de directora do Palácio Nacional de Sintra tomei solitariamente a iniciativa, a qual não comuniquei previamente a pessoa alguma, e fiz oficialmente o pedido para Sintra ser classificada pela UNESCO como Património Mundial, endereçando, como então era devido, um ofício (o ofício nº 287/ N.O.15), à minha tutela, o Ministério da Cultura. Note-se que fui directora do Palácio Nacional de Sintra de Junho de 1984 a Janeiro de 1990 e explico essa solidão, hoje em dia impensável, por nunca ter tido para me auxiliar qualquer conservador, nem outro qualquer técnico superior ou simplesmente técnico.

Este ofício, com o meu pedido para serem classificadas como Património Mundial “parte da vila, serra e monumentos”, como especifiquei e escrevi no referido ofício, está sem dúvida na génese da classificação de Sintra como Património Mundial, como aliás tem sido reconhecido em várias instâncias.

Para mim, teria obviamente sido mais natural e fácil o pedido de classificação ter sido apenas da milenar jóia patrimonial que é o fascinante e único a nível mundial Palácio Nacional de Sintra (o meu palácio nacional preferido), o qual eu então dirigia desde semanas antes.

Contudo, eu era desde criança apaixonada pela região de Sintra, pelo que quis alargar em muito o privilégio que é uma classificação pela UNESCO.

Note-se eu estar então perfeitamente ciente de o pedido de classificar “parte da vila, serra e monumentos” ser demasiado abrangente, pois........

© Observador