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 A mudança veio de fora

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01.11.2025

No final de 2023 identifiquei quatro preocupações que o governo da Câmara Municipal de Lisboa devia transformar em prioridades para 2024. Quase dois anos depois, as preocupações são diferentes. Quer isto dizer que as anteriores foram resolvidas? Não. Quer dizer que a sociedade mudou, e mudou rapidamente. A mudança veio de fora. Trouxe com ela consequências tremendas, e de natureza tal que nem o país, nem as instituições do país, nem o aparelho do Estado, nem os governos central e locais estavam preparados para responder ao choque. Em 2023 viviam em Portugal aproximadamente 1 milhão de imigrantes; em 2024 os números das agências apontam para mais de 1 milhão e meio; ou seja, entre 2023 e 2024 o número de imigrantes com autorização de residência cresceu mais de 500 mil. Uma subida superior a 50 por cento de um ano para o outro. Num país com uma população de 10 milhões de habitantes, 15 por cento são estrangeiros e legalizaram-se a um ritmo de 5 por cento ao ano.

Deixemos de lado os que estão ilegais, os que ainda têm processos de legalização pendentes, e toda a periferia que escapa à contagem oficial. As actuais preocupações em Lisboa, nos capítulos da imigração, da segurança, da habitação, e da mobilidade e transportes, devem estabelecer as políticas autárquicas que podemos esperar do próximo mandato. A esquerda perdeu força. Carlos Moedas governa agora com uma maioria de direita na Câmara e outra, por uma unha negra, na Assembleia Municipal. Só não fará o trabalho dele se não quiser. Por ordem crescente de importância, apontam-se quatro orientações estruturantes.

MOBILIDADE E TRANSPORTES. Também aqui temos números, oficiais, alarmantes, apurados pelo INEM para acidentes com bicicletas (e trotinetes, e skates, e outras formas de “mobilidade suave”) ao longo dos últimos anos. Crescem sempre, em quantidade e gravidade, andam na ordem dos milhares por ano e sobem entre 30 por cento e mais de 50 por cento de um ano para o outro. João Varandas Fernandes, cirurgião e director de ortopedia do Hospital de São José, está convencido de que os números reais “podem ser cinco vezes superiores”. Confirma-se que a loucura das ciclovias não contribui para diminuir acidentes; pelo contrário, mente às........

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