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Presidenciais 2026: falta entusiasmo

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01.11.2025

Os candidatos não entusiasmam. Com a excepção de André Ventura – que entusiasma as suas hostes mas não a maioria dos eleitores – os restantes candidatos não parecem capazes de animar o eleitorado. Nem mesmo Gouveia e Melo, que há um par de anos parecia ser o vencedor antecipado da eleição, consegue entusiasmar com o seu discurso ou com as suas intervenções públicas concretas. Naturalmente, muitas vezes, a falta de carisma político é, ela própria, um tipo de carisma – e os portugueses já demonstraram várias vezes que até apreciam este género. Mas não estou ainda certa de que Gouveia e Melo tenha a eleição no bolso, como em tempos se supôs, nem de que a sua falta de carisma político consiga afirmar-se como esse carisma sóbrio e antipolítico que alguns eleitores portugueses podem apreciar.

Para já, os três principais candidatos do centro político – António José Seguro, Marques Mendes, Gouveia e Melo – parecem, no essencial, destinados a fazer campanhas que não despertam paixões, esperanças e aspirações ou mesmo o vigor das ideias e ideologias políticas. Em teoria, em democracia, o futuro encontra-se sempre em aberto. É essa ideia de futuro político em aberto que tem potencial de entusiasmar as massas, que sentem a liberdade e a força das escolhas, bem como a sensação de estarem elas próprias a escrever o futuro em aberto da nação, a escolher a sua direcção. Hoje, alguém acredita que estes três candidatos despertam entusiasmo com o futuro político da nação, como em tempos os candidatos às presidenciais de 1986 despertaram e mobilizaram?

Importa tentar compreender porque é que os candidatos não entusiasmam. Em primeiro lugar, as carreiras políticas mais conhecidas e com maior prestígio junto do público, que se construíram no pós-25 de Abril e nas primeiras décadas da democracia portuguesa, chegaram ao fim, tendo a maioria dos protagonistas começado a desaparecer (da vida pública ou deste mundo). O fulgor político de figuras individuais associadas à democratização de um país, que pela primeira vez mobilizaram as massas para eleições livres e para a participação política, dificilmente é reproduzido em tempos normais, pós-consolidação de um regime. Claro que, de tempos em tempos, aparecem políticos carismáticos e mobilizadores, mas esses tendem a ser a excepção.

Em segundo lugar,........

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