O novo mundo da liberdade de expressão e estas presidenciais
1 Aqueles que ao longo da última década criticaram o wokismo, a cultura de cancelamento e os ataques da esquerda à liberdade de expressão, estão agora, na sua maioria, em silêncio. Muitos tentam até o contorcionismo possível para tentar desculpar o indesculpável. Após uma piada sobre o assassino de Charles Kirk no programa de comédia de Jimmy Kimmel, piada, essa, de resto, sem grande graça, o chairman actual da Federal Communications Commission norte-americana, Brendan Carr (uma posição de nomeação presidencial) ameaçou revogar a licença de emissão das estações televisivas que continuassem a emitir o programa de Jimmy Kimmel. Note-se que esta é a comissão do Estado que tem o poder de regular todas as comunicações de rádio, televisão, satélite, cabo, Wi-Fi e internet em território norte-americano. O entendimento partilhado quer por pessoas razoáveis (que acreditam na democracia liberal), quer pela própria lei, é que esta comissão está proibida de limitar a liberdade de expressão dos órgãos de comunicação que regula, excepto em caso de notícias distorcidas falsas emitidas por órgãos que saibam que as notícias que estão a passar são falsas. Manifestamente, não é o caso. Nem sequer de notícias se trata, mas sim de entretenimento.
Acontece que Carr nem precisou de concretizar uma acção legal para além das suas palavras. A empresa Nexstar, que detém mais de 200 emissoras locais e regionais de televisão nos EUA (a maior quota de mercado) – e que está neste momento num processo de aquisição de uma das maiores rivais que precisa de aprovação por parte da FCC — decidiu anunciar que as emissões do programa de Kimmel não são compatíveis com os valores das comunidades locais que querem servir. Nos EUA, ao contrário de um país como Portugal, as grandes produtoras e marcas nacionais (ABC, CBS, NBC, Fox, etc) produzem muitos programas, mas as estações que, de facto, fazem a emissão (e que o........
© Observador
