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O Estado e a utilidade da ciência fundamental

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09.08.2025

A recém-anunciada reforma no Ministério da Educação foi uma das poucas até agora anunciadas pelo novo governo e ainda estamos no escuro sobre muitos dos seus detalhes. O anúncio da extinção da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), órgão que financia quase toda a investigação científica realizada em Portugal, e a sua respectiva substituição pela nova Agência para a Investigação e Inovação (AI2), provocou algumas reacções optimistas, mas sobretudo de preocupação e desaprovação, até pelo próprio Presidente da República.

Ironicamente, grande parte da comunidade científica nacional passou muitos anos a criticar a FCT, sentimento com o qual nunca concordei. As verdadeiras críticas e insatisfações não eram com a FCT, mas sim com ministros e decisores políticos que, sistematicamente, desvalorizaram este sector, subfinanciaram a ciência e, ainda por cima, o fizeram de forma irregular (daí a imprevisibilidade dos concursos, da sua realização, calendário e moldes). Na verdade, os concursos da FCT, com todos os seus problemas, sempre foram bem mais meritocráticos do que os concursos internos das universidades portuguesas, onde o mérito científico é demasiadas vezes posto em segundo plano, numa lógica de endogamia e de clientelismo.

Portugal está muito longe dos 3% do PIB de investimento em I&D (Investigação e Desenvolvimento) recomendado pela União Europeia, meta atingida por países como a Alemanha, Áustria, Dinamarca, Suécia, Bélgica, Finlândia. Fora da Europa, essa meta é largamente ultrapassada pelos Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão, e a China está nos 2.6% do PIB em I&D, mas numa tendência de crescimento brutal ao longo da última década. Nós ficamo-nos pelos 1.7% do........

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