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Autárquicas: Cinco perguntas e respostas

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18.10.2025

1 As expectativas pré-eleitorais devem contar nas análises e avaliações feitas no dia seguinte às eleições? Claro que sim. As expectativas são uma componente fundamental do comportamento social. Por expectativas frustradas começam-se revoluções. Por expectativas erradas conduzem-se sociedades a guerras mais devastadoras e duradouras do que o previsto. Em economia, as expectativas são fundamentais na estabilização da inflação, nas decisões de consumo e no investimento.

E, claro, no comportamento político – das massas e das elites – as expectativas são absolutamente determinantes. Qualquer um de nós, quando vai votar, baseia-se em expectativas. Expectativas não apenas daquilo que os políticos vão fazer depois de eleitos, mas também de como é que os restantes cidadãos irão votar e do peso eleitoral previsto de cada partido. Qualquer decisão de voto estratégico depende de expectativas. Quando os políticos convocam eleições antecipadas ou planeiam estratégias de acção, baseiam-se em expectativas. As posições negociais e o peso político de cada partido dependem, em parte, de expectativas.

Portanto, claro que as expectativas pré-eleitorais devem contar também na análise política. As expectativas não são tudo – é importante nunca perder de vista os restantes factos da realidade concreta e material – mas contam.

2 O Chega teve um mau resultado? Ao longo da última semana, alguns argumentaram que o resultado do Chega foi excelente, uma vez que deve ser comparado com o das últimas eleições autárquicas realizadas em 2021, nas quais o Chega conseguiu apenas cerca de 200 mil votos e 19 vereadores. No domingo, o Chega conquistou cerca de 650 mil votos e 137 vereadores, o que corresponde a um crescimento bastante considerável.

Outros argumentaram que o resultado do Chega devia ser comparado com o das legislativas de Maio deste ano, nas quais o Chega teve 1 milhão e 340 mil votos (em território nacional) e foi a segunda maior força política em número de mandatos.

Há 5 meses, o Chega disputou o lugar de segunda maior força política do país, taco a taco com o Partido Socialista. Esta semana, teve menos 1 milhão de votos que o Partido Socialista. Há 5 meses o Chega ficou em primeiro lugar em 60 concelhos do país. Esta semana, os eleitores destes mesmos concelhos afirmaram que não confiam nos quadros do partido para gerir a sua terra: apenas em 2 destes 60 concelhos o Chega ganhou também nas eleições autárquicas (em São Vicente, na Madeira, o Chega elegeu uma presidência de câmara, mas a AD havia ganho as legislativas........

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