Entre o Eros e o Ego
A diminuição da periodicidade entre atos eleitorais, assumiu uma problemática pertinente para o debate público, o pormenor de enaltecer as especificidades e características das personalidades dos atores-políticos que vão sobrevivendo ao escrutínio eleitoral, mediático e ao debate televisivo.
O acréscimo da exposição mediática dos principais líderes políticos, fruto da instabilidade político-governativa, permite à população a observação de comportamentos e posturas, um pouco padronizadas e transversais aos líderes dos principais partidos políticos, ações que não correspondem às teorizações tradicionais.
As dinâmicas políticas contemporâneas, escasseiam representação nas obras dos grandes pensadores, não por grande desenvoltura intelectual ou complexidade explicativa, mas pelo incumprimento ou degeneração – suscetível às considerações pessoais de cada eleitor – das capacidades dos atores-políticos e dos regimes democráticos.
A expectativa construída pela teorização secular da potencial afirmação de um líder Sábio e Justo, isento de interesses pessoais para além do bem comum da Sociedade que administra, como Platão nos expôs na figura do Rei Filósofo ou moldado pelo Dever e Virtuosidade que conduziram Cícero a uma atroz decapitação, são hoje noções de ilusionismo ao serviço de líderes muito mais adeptos de uma interpretação errada de edições com traduções dúbias de Nietzsche e de Maquiavel.
Quando procuramos realizar uma breve “revisão de literatura”, com intuito de procurar conceptualizações do ator-político que assumam proximidade às que reconhecemos nos líderes de hoje, encontramos um número escasso de........
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