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Rostos, territórios e um país que volta às freguesias

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19.09.2025

Em Portugal, nas autarquias, as pessoas escolhem pessoas. Os partidos contam, mas o que pesa é a reputação de quem está no terreno, a forma de liderar, a capacidade de resolver. Este ano isso fica ainda mais evidente: entramos na fase final para a eleição dos órgãos autárquicos a 12 de outubro, com centenas de candidaturas em disputa e um país atento ao que acontece no bairro, na freguesia e no município.

Há um dado estrutural que marca estas eleições: a reposição de 302 freguesias, após a desagregação de 135 uniões e a migração de mais de novecentos mil eleitores para as novas delimitações. Para muitas comunidades, é o regresso de identidades locais que se sentiram diluídas desde 2013; para o sistema administrativo, é uma operação exigente pela escala e pela logística. O essencial agora é transformar proximidade em serviço público com qualidade, com competências claras e organização desde o primeiro dia.

Também teremos renovação real de equipas: mais de uma centena de presidentes de câmara estão impedidos de recandidatura por limite de mandatos. Isso abre espaço a novas lideranças e a grupos de cidadãos eleitores em vários concelhos. A concorrência é saudável quando traz planos exequíveis e uma ideia simples: priorizar o que melhora a vida das pessoas e faz a economia local funcionar.

As duas maiores cidades são mais do que dois resultados; são sinais de época.

Lisboa joga-se em três frentes: habitação com previsibilidade, mobilidade útil e licenciamentos claros. Quem vencer não herda apenas um orçamento; herda um ciclo urbano que pede reabilitação consistente, regras estáveis e uma visão que ligue o centro às freguesias limítrofes. A cidade-país exige liderança com equipa, capacidade de compromisso numa assembleia municipal plural e soluções que se veem no dia a dia, do tempo de resposta no urbanismo ao conforto do espaço público.

Porto entra numa transição simbólica: fecha-se um ciclo de liderança independente que marcou a última década e abre-se outro onde a palavra-chave é coordenação metropolitana. Habitação, pressão turística, mobilidade e cultura são temas conhecidos; o teste novo é governar em rede com Gaia, Matosinhos........

© Observador