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Do apagão ibérico para o futuro

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15.10.2025

Foi divulgado há pouco mais de uma semana o relatório da ENTSO-E (a associação europeia dos operadores dos sistemas de transmissão de eletricidade) sobre o apagão de 28 de abril na Península Ibérica. O relatório técnico detalhado, elaborado pela associação que reúne os operadores europeus homólogos da portuguesa REN, conclui que o evento – o maior apagão europeu em mais de 20 anos – teve origem num conjunto de oscilações locais e inter-áreas no sistema elétrico ibérico. Estas oscilações provocaram uma subida de tensão acima dos limites operacionais, a desconexão com o restante sistema europeu e levaram a perdas súbitas de geração renovável (mais de 2,5 GW em segundos) que agravaram ainda mais o fenómeno.

Gerir o sistema elétrico é como tocar um copo de cristal: é preciso manter constantemente a frequência, garantindo que o som é constante e que possa estar afinado com outros copos (sistemas elétricos vizinhos e interligados). Se existe um desvio na frequência, o copo deixa de vibrar corretamente deixando de tocar ou partindo-se. Nesses momentos de desvio (por oscilações que provocaram uma subida da tensão), a ligação entre copos é cortada propositadamente, para evitar que o erro se propague ou que vários copos entrem em ressonância (no sentido de amplificação de oscilações naturais mal amortecidas) e se partam. No evento de abril, essa falha elétrica em cascata atingiu Portugal e Espanha e foi possível de evitar no restante sistema europeu.

E o que precisa o sistema elétrico para evitar estas oscilações? Insistindo na metáfora: precisa que a mão que toca o copo mantenha a velocidade. Isso é assegurado com inércia (uma espécie de mão firme que........

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