Guiné-Bissau: o eterno retorno do abismo
Omaro Sissoco Embaló chega ao fim do seu ciclo político com a mesma temperatura com que o iniciou: alta, febril, inflamável. Durante cinco anos, geriu o país como quem equilibra um fósforo aceso numa sala cheia de gasolina. Dissolveu a Assembleia Nacional Popular, adiou eleições, esticou o mandato até onde a legalidade se esgarça, tudo sob a sombra de tendências que a oposição classificou repetidamente como abusivas e autoritárias.
A surpresa, se é que existe, não está no desfecho — mas no modo como um roteiro tão previsível continua a apanhar a Guiné desprevenida. Era mais uma questão de “quando” do que de “se” o país entraria novamente na turbulência. Perder as eleições era um cenário plausível; restava saber como seria executado o episódio seguinte. Eis que chega, envuelto em fumaça, mais um suposto golpe de Estado — num país onde a palavra “golpe” já perdeu todo o dramatismo semântico e se tornou categoria administrativa.
A Guiné-Bissau, desde os anos 80, contabiliza nove golpes, múltiplas........





















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