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Os refugiados digitais: exilados sem defesa

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13.10.2025

A promessa da era digital foi, e continua a ser, a de um mundo sem fronteiras, uma ágora global onde cada indivíduo poderia encontrar a sua voz, construir a sua identidade e participar numa cidadania expandida. A internet foi-nos apresentada como a derradeira praça pública, um espaço de liberdade e conexão universal. Contudo, sob a superfície desta utopia tecnológica, emerge uma realidade mais sombria e silenciosa: a dos “refugiados digitais”. Não fogem de guerras ou desastres naturais, mas de um exílio imposto por forças invisíveis e irresponsáveis. São os cidadãos banidos do espaço virtual, despojados da sua identidade online sem aviso, sem processo justo e, sobretudo, sem direito a recurso.

Este fenómeno representa uma nova e preocupante forma de deslocamento. Com o poder digital concentrado num oligopólio de plataformas — Meta, Google, X (anteriormente Twitter), TikTok —, a exclusão de um destes ecossistemas equivale a uma morte social, profissional e, por vezes, financeira. Estamos a testemunhar a ascensão de um autoritarismo algorítmico, onde a nossa existência digital está à mercê de um código opaco e de decisões corporativas unilaterais.

A Anatomia do Exílio Digital

No centro deste problema estão os tribunais algorítmicos. Sistemas de “trust and safety” que, em nome da segurança, operam com uma lógica brutal e binária. Um algoritmo,........

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