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Entre a desinformação e a tragédia: Gaza em perspetiva

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02.08.2025

O conflito israelo-palestiniano, com a Faixa de Gaza no seu epicentro, representa um dos mais intrincados e persistentes desafios geopolíticos da nossa era. A sua natureza multifacetada, tecida por eventos históricos, reivindicações territoriais, sensibilidades religiosas e urgências humanitárias, exige de nós uma compreensão que transcenda a superficialidade e se liberte de preconceitos. Não é tarefa fácil, mas é, sem dúvida, um imperativo moral e intelectual.

É com humildade que me debruço sobre esta realidade, consciente da imensa dor e sofrimento que ela encerra. A Faixa de Gaza, um território exíguo e densamente povoado, vive sob o peso de um bloqueio que asfixia a vida quotidiana dos seus habitantes. A escalada das hostilidades tem empurrado a população para um abismo de carências, onde a escassez de bens essenciais – água, alimentos, medicamentos, combustível – se tornou uma constante angustiante.

As vozes de organizações internacionais, como a ONU, ecoam alertas sombrios sobre a iminência de uma fome generalizada, com relatos que nos chegam de desnutrição severa, particularmente entre as crianças. A destruição de infraestruturas e o deslocamento forçado de uma vasta porção da população agravam um cenário já de si desolador, transformando a mera existência num ato de resiliência diária.

Neste contexto de profunda complexidade, a informação assume um papel ambíguo, por vezes iluminador, por vezes, obscurecedor. A “guerra de narrativas” é uma realidade palpável, onde cada parte procura legitimar a sua posição e, inevitavelmente, descredibilizar a do outro.

As redes sociais, em particular, tornaram-se um terreno fértil para a proliferação de desinformação e de “fake news”. Não é raro depararmo-nos com imagens e vídeos descontextualizados, ou com a atribuição de eventos a locais e datas que não correspondem à verdade, tudo em prol de reforçar uma determinada narrativa. Esta manipulação da informação torna a distinção entre facto e ficção uma tarefa hercúlea, contribuindo para a polarização e dificultando a construção de um consenso sobre a realidade no terreno. A restrição ao acesso da imprensa internacional a certas áreas, um fator........

© Observador