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Um aviãozinho militar atirou uma bomba ao Irão

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25.06.2025

O ataque dos EUA ao Irão é um rude golpe nas memórias de infância da minha geração. Quando éramos crianças e alguém queria fazer equipas para jogar à bola, em vez de uma app que selecciona os jogadores através de intrincados algoritmos (aposto que, se não existe, um choninhas qualquer leu isto e já se pôs a programá-la), cantávamos uma lengalenga sincopada que, ao terminar, indicava o responsável por começar a escolher. Havia os clássicos “undolitá” ou “anani ananão”, mas a minha predilecta era “um aviãozinho militar”. Nesta cantilena, uma criança avança com “um aviãozinho militar atirou uma bomba ao ar. A que terra foi parar?” A pergunta é respondida por outra criança, que lança o nome de uma localidade ao calhas, Paris ou Vila Nova de Foz Coa, por exemplo. Consoante o número de sílabas do sítio em questão, a contagem irá parar na criança eleita. Era uma lengalenga que me agradava pela sua imprevisibilidade geográfica. A bomba podia cair em qualquer lugar, pois faz parte da natureza dos bombardeamentos. Antes, os aviões tinham pouca visibilidade, estavam a ser alvejados pelas defesas anti-aéreas e faltava capacidade de guiar a bomba depois de lançada. A ladainha espelhava essa dúvida e isso encantava-nos, fartos do tédio de cantilenas básicas com o “pimpuneta pitapitapituxa”.

Isso agora acabou. O raid aéreo........

© Observador