Cancelamentamos, mas os outros que definam discurso de ódio
Assistimos a um ataque à liberdade de expressão sem precedentes. Quer dizer, na verdade há precedentes. E recentes. Ainda bem presentes. Vinham é de outras frentes. Entrementes, desta feita surgiram por novas gentes. Divergentes, porém equivalentes. À cata de ofensas com finos pentes. Concorrentes, mas igualmente veementes. Igualmente frequentes. E insistentes. Sob ambos os Presidentes. Antes vocês sorriam, indiferentes? Agora já vos vejo descontentes. Estas rimas são dementes. Ainda que surpreendentes. Todavia, contraproducentes. Os leitores já devem estar doentes. Prestes a chamarem os agentes. Paro antes que me partam os dentes.
Passaram dois dias entre as declarações de Jimmy Kimmel sobre o assassinato de Charlie Kirk e a suspensão do seu programa, depois de fortes pressões da FCC, o regulador americano da comunicação social audiovisual. Fui apanhado de surpresa. Não pela censura em si, já estava à espera. Mas pela eficiência. O cancelamento anterior, de Stephen Colbert, demorou mais tempo e só tem efeito a partir do ano que vem. O de Kimmel foi muito mais rápido. O que significa que o próximo humorista americano a proferir “discurso de ódio” – mais sobre isso adiante – vai ser retirado do ar em minutos. Depois de uma graça que alguém considera ofensiva, três ou quatro piadas à frente, no meio de um setup, aparece um executivo da estação de TV ainda a receber instruções de uma autoridade federal ao telefone, acompanhado por dois seguranças que pegam no cómico ao colo e o atiram para fora do estúdio.
Digo que a censura não me surpreendeu porque sei que os EUA são um país que, talvez por ser jovem, leva........
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