O mito: pagamos mal a políticos e gestores públicos
Poucos mitos são tão convenientes para a classe política portuguesa como este: “pagamos mal, logo não conseguimos atrair qualidade”. Repete-se como desculpa, como se o país estivesse condenado a escolher entre pagar salários milionários ou contentar-se com carreiras medíocres e políticos de segunda linha. É uma narrativa que absolve responsabilidades, que mascara vícios de recrutamento partidário e que até serve de justificação para a perpetuação de figuras de baixa qualidade — algumas com processos judiciais — a ocuparem cargos de topo. Mas essa explicação é falsa. E pior: é intelectualmente desonesta.
Portugal é uma economia pequena e de rendimentos médios, e o debate deve ser feito em termos relativos: quanto ganham os nossos políticos em comparação com o salário médio nacional e com os seus pares noutros países da Zona Euro? E quanto ganham em contraste com o setor privado de topo?
O primeiro-ministro português recebe cerca de 105 mil euros por ano, mais de 4,4 vezes o salário médio nacional........
© Observador
