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Se Israel tem armas nucleares, porque não o Irão?

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23.06.2025

A pergunta tem o brilho enganador das ideias simples e a profundidade de uma poça de água após um chuvisco. Porque não é só sobre ter, é sobre quem tem, para quê, e com que intenção. Comparar Israel ao Irão, nesta equação, é como comparar um extintor com um lança-chamas.

A ladainha é sempre a mesma. «Se Israel tem armas nucleares, o Irão também devia poder ter.” O argumento sai fluido, revestido da indignação moral dos justos e da ingenuidade dos que se sentem virtuosos apenas por questionarem o “sistema”. Mas é um pensamento pueril, cómodo, circular e inteiramente desprovido de lucidez histórica, estratégica ou moral. Como se o mundo fosse mais seguro se todos tivessem direito a um apocalipse portátil.

Um antigo ministro português, hoje cônsul de um país muçulmano, decidiu também, na SIC Notícias equiparar Israel ao Irão, sugerir que o Irão tem direito à bomba nuclear e repetir, sem pudor, clichés antissemitas. Esta comparação é não só intelectualmente desonesta. É perigosamente estúpida.

Quinta-feira, dia 19, na SIC Notícias, Ângelo Correia resolveu dar o seu contributo à causa. Numa espécie de crónica diplomática da casa, o antigo ministro, agora cônsul de um país muçulmano, e, não por acaso, com interesses empresariais nessa mesma orla islâmica, ofereceu aos telespectadores uma lição desequilíbrio assimétrico. Declarou-se fascinado pelos “persas” (é de bom-tom evocar Heródoto quando se quer evitar falar dos “mullahs”), sugeriu que, já que Israel tem armas nucleares (algo que Israel nunca confirmou), seria apenas “natural” que o Irão também tivesse. É a versão salão de chá da velha doutrina do “se o Sr. juiz tem direito a porte de........

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