Putin, Gaza, Trump e as lentes com que lemos o mundo
Há ideias que funcionam como instrumentos ópticos do espírito. Usamo-las e, através delas, vemos o mundo.
Claude Lévi-Strauss, o antropólogo que descobriu que o selvagem e o civilizado têm a mesma estrutura mental, dizia que, para interpretar o mundo, uma época, uma nação ou uma guerra, é preciso usar uns óculos especiais. Não falava de vidro e armação, mas de uma metáfora: a teoria como instrumento de visão e prótese da mente. O homem sem teoria sobre a realidade é como o míope que confunde vultos com demónios; reage, mas não compreende.
Estes óculos, dizia Lévi-Strauss, são indispensáveis, mas distorcem. Toda a lente é também um véu. E o drama contemporâneo consiste talvez nisto: já não sabemos que lentes usar. O excesso de imagens, o rumor incessante das redes, a saturação de notícias e de interpretações, tudo nos ofusca e baralha. O homem actual não é cego: é deslumbrado. Vive numa feira de ópticas: tem muitas lentes e não sabe qual usar
A ideia de ler o presente através de uma lente não é nova. Em meados do século XIX, Alexis de Tocqueville via a história como um rio de democracia: lento, majestoso, inevitável. Karl Marx, mais impaciente, via o mesmo panorama através de um outro cristal: um rio de sangue proletário, destinado a purificar o mundo. A revolução proletária, inelutável, que dissolveria as classes e instauraria a justiça.
Durante dois séculos, sucessivas gerações olharam e “compreenderam” o mundo através dessas lentes. Com elas fizeram guerras, revoluções, tratados e telenovelas políticas. Estarão gastas? Ter-se-ão partido sem que déssemos por isso?
No fim do séc. XX, Samuel Huntington apresentou um novo par de........





















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