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As luzes apagam-se na Europa

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28.09.2025

Várias tragédias de extermínio repousam nas prateleiras das bibliotecas, acessíveis a quem quiser saber. Poucos querem. Ler tornou-se uma maçada, na era dos slogans e dos vídeos curtos do Tik-Tok.

E repousam lá também, ainda mais ignoradas, as histórias entrelaçadas com o antissemitismo, a doença moral que nunca se cura e apenas muda de disfarce. Como um camaleão que se ajusta ao ambiente, adapta a cor e a forma, mas conserva sempre a mesma essência: o ódio ao judeu.

São séculos de acusações: o judeu é assassino, conspirador, corruptor, capitalista, sovina, usurário, e revolucionário em simultâneo. A criatividade é imensa na adjectivação, nula na substância.

A última encarnação dessa contradição cristalizou-se com o nascimento de Israel. O judeu, outrora imaginado como figura submissa e culpada, que caminha pela rua, de costas curvadas e olhar temeroso, tornou-se combatente, endireitou a espinha, mantém-se vertical e não aceita que lhe imponham vontades alheias. Isso não se perdoa.

E é isso que está em causa na hostilidade obsessiva contra Israel, que perpassa nos media, na escola, na rua, na política. E que une, na mesma plataforma de ódio, fundamentalistas islâmicos dos Irmãos Muçulmanos, extremistas de esquerda como Mariana Mortágua, Tiago Ávila ou Pedro Sanchez, neonazis como Mário Machado, fofinhos do “centro social” como o CDS portuense Raul Almeida, “moderados” como Paulo Rangel, e idiotas úteis de várias etiologias, desde Sofia Aparício ao general russófilo Agostinho Costa, passando por rebanhos, récuas e manadas de “palestinianistas” produzidos em catadupa nas nossas escolas.

Convém salientar que criticar um governo não é antissemitismo. Muitos israelitas detestam Netanyahu ou as coligações que o sustentam como primeiro-ministro. Outros admiram-no. Exactamente como nos outros países do mundo que têm a democracia como sistema.

Até 7 de Outubro de 2023 havia protestos nas ruas contra o seu governo, contra a corrupção, contra políticas específicas. Como cá. Como na Europa. Tudo isso é legítimo e faz parte do jogo democrático. Mas uma coisa é criticar um governo democrático. Outra é demonizar um Estado inteiro, como se a sua simples existência fosse a raiz de todos os males........

© Observador