O PS é o sangue azul do regime
Não sejamos ingénuos. O Partido Socialista é, de longe, a agremiação política em Portugal cuja elite dirigente provém do estrato social mais elevado, com um predomínio da alta burguesia lisboeta e, claro, com um toque marcadamente masculino. Não por acaso, apesar de toda a retórica de promoção da igualdade, o PS é o único partido dos cinco clássicos da democracia Portuguesa no qual o sonho de ter uma mulher na liderança não passa disso mesmo, um sonho. Nos dias de hoje, essa elite socialista faz uma transumância entre a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa ou o ISCTE e o Governo, frequenta os mesmos restaurantes e estúdios de televisão, e está definitivamente convencida do que o Expresso permite perceber o que é o mundo. Muitos deles consideram-se o mais próximo do sangue azul que Portugal tem.
Naturalmente, poder-me-ão dizer que o novo líder do PS foge totalmente a este perfil. É verdade. No entanto, muito provavelmente, acontecer-lhe-á o mesmo que sucedeu a António José Seguro em 2014, quando Costa, incensado pelo regime como o salvador da pátria, revelando-se depois um primeiro-ministro absolutamente medíocre, fez um golpe de mão e depôs o líder que tinha passado as passas do Algarve na ressaca do socratismo e do memorando que a elite socrática tinha assinado. Na ressaca do costismo, o momento que verdadeiramente vivemos, uma vez que Pedro Nuno Santos foi apenas um interlúdio lúdico, Carneiro tomará conta do partido e o equivalente funcional a Costa também aparecerá a dada altura, quando chegar o devido momento de o sangue azul voltar à sua missão de pastorear o país. Tal como o “Tozé de Penamacor” não era material........
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