Incêndios Florestais: entre cinzas e promessas
A tragédia dos incêndios de 2017 marcou uma viragem na gestão do território rural.
A partir daí iniciava-se uma reforma na política de prevenção de incêndios florestais que incluía várias medidas, tais como o programa ‘Aldeia Segura, Pessoas Seguras’, a obrigação da limpeza de terrenos privados, o cadastro florestal, a criação de faixas de proteção e a criação de modelos de gestão coletiva do território.
Várias destas medidas começaram a avançar, tendo havido uma mudança de orientação na gestão política e técnica dos fogos. Mas a memória da tragédia foi-se esvanecendo e o plano derrapou. O essencial ficou por cumprir.
A Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), que coordenava a reforma, lançava um alerta: ‘’sem um novo ímpeto, o país arrisca-se a assistir de novo à destruição de infraestruturas ou a danos nas comunidades urbanas”.
Ao cenário de dificuldade na implementação das medidas, juntavam-se outros fatores: as vastas áreas de monocultura intensiva de eucalipto e pinheiro, o crescimento de espécies invasoras, as condições climáticas extremas e o problema do despovoamento.
E foi então que, em agosto de 2022, 25% da área total do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) ficou destruída. A Serra voltava a arder como se nada tivesse sido aprendido. Como se o sofrimento de 2017 tivesse sido em vão. Como se os relatórios, os diagnósticos, os planos e as promessas não passassem de palavras ocas.
Na sequência destes incêndios, o Governo aprova, em 2024, o ‘’famoso’’........
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