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Seguindo em frente, andando para trás: nostalgia

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26.05.2025

Séries e filmes antigos relançados, ou com sequelas décadas depois do lançamento original. Músicas, consideradas clássicas por muitos, remasterizadas vezes sem conta. Modas de vestuário centradas no revivalismo (ou, por vezes, revisionismo) do que se vivia em décadas passadas. Videojogos e livros inspirados em clássicos, ou até mesmo reeditados e lançados pela enésima vez. De facto, não faltam exemplos de um sentimento quase axiomático – se a terceira década do século XXI não se define por uma identidade sólida e própria, certamente se caracterizará por uma tendência estatisticamente sem precedentes de regressar às décadas anteriores.

Porém, desenganemo-nos: não vivemos numa era dourada do revivalismo, até porque, e de acordo com organizações “preservacionistas” como o The Internet Archive, a maioria deste conteúdo, considerado “antigo” ou “clássico”, está em sério risco de se perder para sempre. Na verdade, a maioria do que recebemos ou consumimos hoje em dia é uma recriação, ou readaptação do conteúdo original (e a medo de alongar o tema, deixemos a questão da arte e das suas reproduções para outras núpcias).

A pergunta subjacente é óbvia: porque é que, então, estaríamos, enquanto sociedade, interessados em consumir ou abraçar aquilo de que dispomos há anos, se não décadas? Mais uma vez, os números não mentem: o crescimento económico que deriva diretamente de nos vender exatamente o mesmo contéudo (por vezes sob disfarces diferentes), quer por vendas diretas, quer por criação de novos........

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