Sai um lucro imoral para a mesa 7
Banca, retalho, telecomunicações, energia e tecnologia. Se, num dos sonhos mais entusiásticos à esquerda, Madre Teresa de Calcutá surgisse aos portugueses e decidisse distribuir todo o lucro acumulado pelos grandes grupos económicos, quanto calharia a cada cidadão? Vivemos num país de lucros excessivos, desigual e egoísta? O que acontece quando nos comparamos com outros países europeus que, por coincidência, têm melhor qualidade de vida que nós?
Imaginemos duas sociedades distintas.
A primeira, uma sociedade ficcionada onde o lucro e o modelo económico capitalista são vistos como um entrave moral a um desenvolvimento justo da dignidade humana. Mais capitalismo é, no fundo, ajudar a cavar o fosso que distancia os mais pobres dos mais ricos – classes sociais que se encontram em extremos opostos na escala do privilégio. Quem ambiciona ter mais capitalismo, será sempre alguém que falha em perceber que a meritocracia foi uma rábula inventada por aqueles que nunca tiveram pouco— por quem não entende que, para o elevador social funcionar, é preciso que todos ao elevador consigam chegar. Mais capitalismo é sinónimo de menos estado social. Mais capitalismo é um convite ao egoísmo. Mais capitalismo traduz-se num país mais desigual.
A segunda é uma sociedade alternativa à portuguesa. É uma sociedade que, por norma, é cobiçada com alguma indignação pelo turista português quando este se desloca a um país europeu economicamente mais desenvolvido. Desde a lata de atum que parece custar o mesmo, com a pequena diferença de cada cidadão residente auferir o dobro do salário português; à saúde que num caso de emergência por magia parece melhor funcionar, até à habitação que por coincidência não acarreta ter dois vínculos laborais para a poder sustentar.
Lá fora faz-se melhor, mas deus nos livre de tentar replicar aquilo que é circunscrito à circunstância de cada país. Porque por cá temos a........
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