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Visões do Paraíso

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22.07.2025

Alguns jornais deram a notícia do pequeno incidente e existem, a circular na internet e nas redes sociais, vários vídeos que o documentam. Por eles sabemos que há alguns dias, no Cacém, numa acção de pré-campanha do seu partido para as eleições autárquicas, o deputado André Ventura foi abordado por um senhor muitíssimo exaltado que se identificou orgulhosamente como “africano”. Esse homem, do qual nada sei, acusou Ventura, como se ele fosse a personificação de todo o mal que alguns africanos e ocidentais woke consideram que Portugal terá feito em África: “Eu tenho orgulho enquanto africano” — assumiu o senhor em causa. — “Você invadiu o meu país, o meu continente durante cinco séculos” — acusou. — “Cinco séculos de escravidão, Ventura sabe disso ou não? Ventura, durante cinco séculos… O que é que foram lá fazer? Foram roubar os nossos ouros, foram roubar os nossos diamantes, foram-nos escravizar. Fomos roubados, os ouros, os diamantes. A culpa é dos portugueses.” Estava tão exaltado que teve de ser contido pelo segurança do deputado, o que não o impediu de continuar no mesmo registo acusatório: “Você é ladrão, você é racista. Ventura é racista.”

Este episódio não tem em si mesmo muita importância. Trata-se, em suma, de um senhor muito zangado e mal informado que confronta um político com acusações mais ou menos descarriladas, o que é comum nas campanhas eleitorais. Todavia, quando olhado num contexto mais amplo percebe-se que não é um caso isolado, mas sim um sintoma de uma desinformação mais geral e a ponta de um iceberg que nos pode fazer naufragar mais à frente. Leio com frequência, na internet e nas redes sociais, as opiniões de vários africanos ou afrodescendentes que têm uma visão idêntica ou parecida, e sei que ela deve muito à propaganda woke, mas suponho que deva ainda mais aos bancos da escola. A forma........

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