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Cloaca Maxima

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tuesday

Cloaca Maxima era o nome do grande sistema de esgotos da antiga Roma, que foi acompanhando o crescimento populacional e espacial da cidade desde os tempos da Monarquia, quando os romanos ainda não se haviam lançado à conquista do seu império. Recebia as águas dos pântanos e os dejectos e imundícies de toda a parte da urbe, da esquerda e da direita, e despejava-os no Tibre.

No último sábado José Pacheco Pereira assinou um artigo no Público, a que deu o título de “A cloaca”. Nesse artigo listou uma série de palavras ou frases insultuosas que lhe foram dirigidas no Facebook. A gente de esquerda, compreensível e justificadamente indignada, partilhou profusamente esse artigo, apontando o dedo especificamente ao partido Chega — como, aliás, Pacheco Pereira também havia feito. Assim, e à laia de mero exemplo, de mero apanhado ao acaso de pessoas de esquerda que considero e que são manifestamente razoáveis, pude ler Vítor Serrão a insurgir-se contra os “novos bárbaros” e a “campanha das extremas-direitas organizadas sob o signo do insulto fácil”; João Soares (transcrevendo uma frase de Teresa Mónica) a falar em “canalha pavorosa”; Irene Pimentel a referir-se a “comentários de esgoto” e a querer que se “acabe com as caixas de comentários (na Comunicação Social)”; etc.

Partilho essas considerações de reprovação, esse sentimento de repulsa, mas estranho — e lamento — que, tanto quanto me lembro, nenhuma figura de esquerda tenha elevado a sua voz contra as pessoas da sua área política, em particular de extrema-esquerda, que escrevem há........

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