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As comunidades asiáticas de origem portuguesa e o seu legado

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19.09.2025

Nos dias 27 a 29 de junho de 2025 reuniu em Dili a 4.ª Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas, em que tive a honra e o proveito de participar. O encontro foi organizado pelo governo de Timor-Leste e contou com a presença de delegações vindas de Macau, Indonésia (Ilhas das Flores e Jakarta), Malásia, Sri Lanka, Tailândia, Myanmar e da Índia (Goa), e de académicos portugueses, investigadores de História, Património, Linguística e Antropologia. As conferências anteriores, tiveram lugar em Malaca, a partir de 2016, tendo sido organizadas pela comunidade do Bairro Português de Malaca, mas agora ganharam uma nova relevância institucional, ao serem realizadas pelo governo do único Estado asiático de língua oficial portuguesa.

O fundador destas conferências foi Joseph de Santa Maria, um dos líderes do Bairro de Malaca, que, no seu discurso, na sessão inaugural, afirmou: “somos portugueses e nada nos pode tirar isso”. Num tempo em que a identidade e a cidadania tomaram conta da agenda académica e também da política, esta afirmação pode parecer surpreendente, mas mostra de modo inequívoco que os 900 anos da História de Portugal deixaram marcas duradouras espalhadas pelo mundo.

Cerimónia de abertura da IV Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas – Díli, 26 junho 2025. Destaca-se o Presidente da República, Ramos-Horta, entre participantes de diferentes origens.

Entenda-se que, de facto, um habitante de Malaca não tem nenhuma vantagem económica ou política em se proclamar português. No seu país e na sua cidade predominam os falantes bilingues de malaio e inglês, e a religião predominante é a islâmica. O império marítimo dos portugueses deixou de ter posições militares no país, em 1641; subsistiram mercadores, mas sem a relevância de neerlandeses e ingleses, que foram os europeus dominantes na região de meados do século XVII a meados do século XX. Trata-se, pois, da afirmação de um estado de alma, de uma convicção que não se deixa encerrar na lógica de qualquer tipo de calculismo e que encontra as suas raízes nas profundezas da História.

As comunidades representadas nesta conferência são formadas por pessoas de religião católica que descendem, de facto, de portugueses. Essa ancestralidade é indiscutível, pois está........

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