A militarização da Administração Marítima Civil
Portugal, com a sua vasta zona económica exclusiva (ZEE), uma das maiores da Europa, e uma localização geográfica privilegiada no Oceano Atlântico, com uma tradição marítima inquestionável deveria assumir um papel de relevo no setor marítimo. Ao invés, encontra-se numa situação paradoxal: É o único país ribeirinho europeu que atualmente possui uma Marinha Mercante meramente residual. Efetivamente, o país, que em 1980 ainda detinha uma frota, propriedade de amadores portuguese, composta por 94 navios que representavam uma capacidade de carga de 2.000.000 de toneladas (dwt) e empregavam cerca de 3.000 marítimos, para uma frota meramente residual em 2025, composta por 7 navios que representam uma capacidade de carga de 85.000 toneladas (dwt) e que se estima que empreguem cerca de 160 marítimos.
Ou seja: entre 1980 e 2025, o país terá perdido 92,6% dos navios, 95,75% da capacidade de carga e 94,6% dos marítimos. Este cenário aterrador é o resultado de várias décadas de inércia, inaptidão, e de decisões políticas erradas ou desadequadas, agravadas por uma crescente militarização dos organismos civis responsáveis pela Administração Marítima Nacional.
Perante esta situação os políticos que antes enchiam a boca com “o desígnio marítimo de Portugal” encomendaram Livros Brancos e de outras cores, com estratégias para todos os gostos, mas que só resultaram em gastos, são os grandes responsáveis pelo estado a que a nossa Marinha de Comércio chegou nos nossos dias.
Também deixaram de falar do nosso glorioso passado de nação marítima. É tempo de voltarmos a........
© Observador
